Esperou-se o primeiro turno das eleições para evitar desgaste nas urnas e, já no dia imediatamente seguinte à votação, sem sequer se disfarçar, o Senado pauta a votação do projeto que enfraquece brutalmente a Lei da Ficha Limpa (PLP 192/23).
Lembremos que este projeto já teve sua constitucionalidade afirmada e reafirmada pelo STF e lembremos que suavizar significativamente a pena significa esvaziar o sentido da lei, garantindo impunidade.
A Lei da Ficha Limpa é uma das poucas leis de iniciativa popular em vigor que visa barrar candidaturas indesejáveis à luz da prevalência do interesse público, que teve assinaturas colhidas ao longo de 14 anos. Pisa-se escandalosamente na vontade do povo.
E o pior, esta mudança que se pretende impor não foi debatida democraticamente nem na Câmara nem no Senado. O trâmite em ambas as casas deste projeto se deu mediante urgência de votação, eliminando-se a imprescindível discussão com a sociedade em audiências públicas, nas Comissões.
É um verdadeiro massacre impiedoso da democracia, registrando que em 2008 foram 22 urgências de votação na Câmara e, se prosseguirmos no ritmo atual, podemos atingir 400 em 2024.
Se a democracia de fato ainda é o sistema em que o poder emana do povo, é exercido pelo povo e para o povo, o povo é absolutamente contrário à aprovação do PLP 192/23, o que mais uma vez reiteramos, conclamamos e enfatizamos, deve ser respeitado pelos Excelentíssimos Senhores Senadores.
São Paulo, 08 de outubro de 2024
Diretoria Executiva do
Instituto Não Aceito Corrupção
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