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Gestão empresarial com responsabilidade socioambiental: uma realidade

FERNANDA FRAGOSO* 26 SETEMBRO 2023 | 4min de leitura


Desde a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, ocasião em que se reuniram mais de 100 chefes de estado e representantes de 178 países, quando se desenhou planos de ação e estratégias para a geração de um modelo mais sustentável de desenvolvimento e preservação ambiental, a sustentabilidade se tornou um conceito extremamente valioso.


O atendimento às necessidades das gerações atuais sem comprometer as necessidades das gerações futuras, garantindo ao mesmo tempo um equilíbrio entre o crescimento econômico, o respeito pelo meio ambiente e o bem-estar social se tornou comportamento prioritário.


Em razão da Eco-92, a comunidade política internacional assumiu o compromisso e admitiu que era preciso conciliar os componentes econômicos, ambientais e sociais ao debate e considerá-los como elementos indispensáveis à agenda de todos os países, com o objetivo comum de garantir a sustentabilidade do desenvolvimento.


Visto isto, inúmeros eventos ocorreram com o objetivo de trazer à baila discussões sobre desenvolvimento sustentável, como por exemplo, as conferências das Organizações das Nações Unidas (ONU), os objetivos de desenvolvimento do milênio (ODM), a Agenda 2030, consolidada nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e os acordos globais relacionados às mudanças climáticas e às metas para redução de emissões de CO2 estabelecidas pelos países.


No cenário corporativo, iniciativas importantes foram tomadas para a adoção de práticas e investimentos sustentáveis, como por exemplo o Pacto Global, os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e o ESG (Environmental, Social and Governance).


O movimento ESG se fortaleceu em 2006, quando a ONU, juntamente com grandes investidores institucionais, como fundos de pensão e investimento, lançou os Princípios para o Investimento Responsável (PRI). Desde então, gestores de recursos vêm desenvolvendo métodos para a incorporação dos critérios ESG na análise de investimentos e tomadas de decisão. Ao integrar a gestão e o desempenho ESG nas decisões de investimento, os mercados financeiros destinam capital para apoiar sociedades sustentáveis e economias resilientes.


O maior desafio que está sendo enfrentado pelas organizações é encontrar um equilíbrio entre as prioridades financeiras e os aspectos sociais e ambientais. Os fatores ESG devem ser compreendidos para que as decisões de negócios incorporem essas novas pautas, incluindo a cadeia de valor e suprimentos, tendências de tecnologias e manufaturas, visando o sucesso a longo prazo de maneira mais sustentável.


É necessário ter lucro, mas sem prejudicar o que está ao redor. Adequar as atividades das empresas ao conceito de desenvolvimento sustentável é uma questão de sobrevivência e de competitividade.


Com a adoção de práticas de negócios sustentáveis, haverá inegável criação de valor para um amplo conjunto de partes interessadas, porém exigirá a capacidade de identificar riscos e oportunidades ESG. Esses riscos deverão ser gerenciados com o fim de mitigação de impactos negativos que suas operações podem gerar na sociedade/meio ambiente. Adicionalmente, as organizações devem aproveitar as oportunidades para gerar impactos positivos.


Atualmente, as ações humanas estão gerando muito mais efeitos negativos do que positivos na natureza. Em decorrência disso, o ambiente está sendo cada vez mais degradado, o que é responsável pelos enormes problemas ambientais que o mundo vem enfrentando.


Nesse contexto, as ações de impacto ambiental positivo são importantes, pois colaboram para a recuperação do meio ambiente e para a qualidade de vida das espécies que ali vivem, incluindo os seres humanos.


É primordial que a humanidade diminua ações que impliquem em impacto negativo, mas não basta somente minimizar os efeitos prejudiciais causados na natureza. É importante investir em ações que causem o máximo de impacto positivo possível, pois deve-se haver um equilíbrio entre o que é retirado e o que é inserido no meio ambiente. Os recursos naturais devem ser usufruídos, porém sem acarretar eventual esgotamento.


Na esfera corporativa, as medidas que visam à promoção de sustentabilidade devem possuir consistência e assertividade. Deve-se prevenir a divulgação enganosa, o que é comumente chamado de greenwashing, que é considerada a prática de camuflar, mentir ou omitir informações sobre os reais impactos das atividades de uma empresa no meio ambiente.


O alinhamento entre as ações empresariais voltadas à agenda ESG e à política de comunicação interna da organização é ação essencial para que se promova transparência e se consiga evidenciar o emprego de tais práticas, sempre se utilizando como base seus indicadores materiais de desempenho, que são fundamentais para este processo.


Por fim, há que se mencionar que as organizações com melhor desempenho nas práticas ESG são mais bem vistas pela sociedade e pelos clientes, fortalecendo a sua imagem reputacional. No âmbito do mercado financeiro, a lucratividade ligada a essas práticas podem ser observadas, já que os investimentos sustentáveis têm um aumento crescente de rentabilidade com o decorrer do tempo.


*Fernanda Fragoso é advogada corporativa e criminal, especialista em Riscos e Compliance, mestre e doutoranda em Ciências Jurídicas pela Universidade Autónoma de Lisboa – UAL, auditora Líder ISO 37001 e 37301 Sistema de Gestão Antissuborno e Compliance, atualmente é analista de compliance na Fundação REFER


Este texto reflete única e exclusivamente a opinião do(a) autor(a) e não representa a visão do Instituto Não Aceito Corrupção. Esta série é uma parceria entre o blog e o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac). Os artigos têm publicação periódica


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