O papel das empresas no combate à corrupção ganha ainda mais destaque à medida que a sociedade começa a perceber que o resultado pragmático do lucro não é exclusivamente a medida de um bom negócio. O desafio da Ética empresarial do século XXI está em criar lucro fundamentado em boas práticas e com transparência.
Estabelecida uma cultura ética corporativa, o compliance precisa estar na estrutura de gestão de pessoas da empresa. Os planos de carreira, metas e bônus devem ser desenhados para não incentivar desvios de conduta, do contrário, o compliance é uma peça de ficção como documento jurídico, se não cuida da cultura e dos incentivos que as empresas oferecem às pessoas. De nada adianta a empresa ter como valor a integridade, se a métrica para aferir o bônus de seus executivos pressupõe metas que demandariam ações ilegais.
Para o compliance estar na estrutura de gestão, a organização precisa refletir e debater internamente questões fundamentais para ajustar a sua bússola, tais como: Buscarei o lucro a qualquer preço? Qual o papel ético dos líderes? Quais critérios e métricas de bônus adotaremos? O que é uma empresa de sucesso? Quais são os meus valores e como posso medi-los?
Serão respostas a essas e outras perguntas que permitirão às empresas envolvidas em atos de corrupção se reinventarem e retomarem a confiança do mercado, assim como a todas as empresas construírem efetivos programas de integridade que não apenas identifique e puna um colaborador que buscou se locupletar pela empresa, mas também que proteja de forma sistêmica a empresa dela mesma.
Além disso, programas efetivos não serão construídos sem o absoluto compromisso da alta direção. Não há empresas éticas cujos únicos valores dos líderes é o resultado a qualquer preço. Precisamos de líderes com uma visão mais ampla de seu papel no universo corporativo, com capacidades além das analíticas, mas também emocional, moral e sistêmica para inspirarem e gerenciarem o programa.
A boa conduta vai muito além da conformidade com a norma. A integridade vai muito além do compliance. O compliance, por sua vez, integra um sistema de governança cuja implantação exige liderança e gerenciamento permanente. Não há custos extras em se fazer a coisa certa e do jeito certo.
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